Lesões preocupam dirigentes do futebol amador

As lesões do futebol amador têm aparecido com frequência nesse primeiro semestre de 2022 e estão preocupando dirigentes dos campeonatos regionais e municipais, especialmente aqueles que não têm a opção de troca de seus atletas na ficha de inscrição, ou as têm em número limitado, caso de Sombrio que até o fim da primeira fase cada time só pode trocar dois jogadores de fora.

Afora lesões causadas por torções, como ruptura de ligamentos de joelho, que acontecem por problemas de gramados, pisada errada ou pancadas em divididas, as musculares tem tido mais frequência, talvez pelo excesso de jogos neste período em que muitas cidades realizam suas competições locais nas tardes de sábado e nos domingos também a tarde e pela manhã. Para aproveitar o rendimento extra, alguns jogadores atuam nos três períodos, mas acabam forçando de mais a musculatura porque o nível dos jogos e consequentemente de intensidade também tem evoluído.

Um dos destaques da temporada pelo poder de finalização, velocidade e o quão decisivo é, Thiago Silvy em 2021 desfalcou o Içara na primeira final da segunda divisão da Larm por lesão e jogou apenas parte do primeiro tempo no segundo jogo, ainda não recuperado de um problema muscular na coxa. O que não lhe impediu de ser novamente decisivo colaborando nos dois primeiros gols da equipe campeã.

Este ano, Silvy jogou toda a Copa Sul sem se machucar, mas segundo o próprio, sentiu pesar a musculatura no último domingo, após ter feito dois gols, a tarde em Sombrio pela Raizeira e já ter atuado sábado a tarde e domingo pela manhã, então preferiu pedir pra sair para evitar lesão.
No mesmo dia, em jogo transmitido pelo canal, machucado, o meia Wagner, do São Francisco até tentou, mas saiu do jogo com 10 minutos, sentindo lesão do meio de semana. Seu companheiro, artilheiro da equipe na competição, Pigmeu, saiu com uma lesão no músculo posterior da coxa.

Na rodada anterior, Dionatha Gaúcho, segundo volante do Guarani estreou, fez dois gols e saiu machucado ainda na primeira etapa, diante do Taity. Também do Guarani, Shayder nem chegou a jogar, está se recuperando de lesão e vai fazer tratamento e fortalecimento para jogar a Larm com o Metropolitano, evitando atuar nos campeonatos municipais.

Com a palavra, a especialista

Para não ficar na base do achismo, o Canal foi atrás de uma especialista em lesões e prevenção de lesões esportivas, a fisioterapeuta Giane Farias. Estudiosa, dona de um estúdio de fisioterapia, treinamento funcional e pilates, ela fala um pouco sobre os motivos das lesões e como preveni-las.

Giane Farias, fisioterapeuta especialista em recuperação e prevenção de lesões esportivas

“Precisamos partir do ponto que esse jogador que estamos falando é atleta. Ele treina uma, duas vezes por semana, mas joga também duas, três vezes por semana. E o jogo é competitivo. Então é primeiro preciso pensar nos treinos que imitam o jogo. No fortalecimento, nos movimentos do futebol, que é o esporte que estamos falando. E nem sempre é assim. Por vezes se prepara fisicamente em academia, faz a musculação, pede até um treino de futebol, mas ele não é o treino preparatório para o jogo, isso aumenta o risco de lesão” comenta Giane.

“Outro ponto é o atleta que vem lesionado, como atendo há 10 anos, tem que parar durante o tratamento, ou esperar estar 100% e não espera, pois quer voltar ao jogo, a ganhar o dinheiro extra que o fim de semana dá. A alimentação não é a mesma, porque ele tem um emprego na semana, correria do dia a dia, além dos estresses da vida que um profissional do futebol não tem”, reforça a fisioterapeuta.

“Aí, pra aumentar seu nível de jogo ele também aumenta a carga de treinos. Pode treinar todo dia. Mas um dia é só recuperação, outro pode ter um trabalho de mobilidade e também um preventivo, porque isso vai evitar o índice de lesão. A lesão traumática é algo comum a partir do momento que aumento minha competitividade. E o excesso de jogos consecutivos traz a lesão de ligamentos, a ruptura muscular, que pode ser prevenida ou até ter uma recuperação facilitada, se tu já trabalhas com fisioterapia antes dela acontecer, com prevenção.”

A tecnologia trouxe diversas alternativas para os atletas, desde a prevenção aos cuidados pós traumáticos. Giane tem em seu estúdio uma equipe que se preparou nesse sentido.
“Temos o tratamento com Ozônioterapia, que ajuda a recuperar mais rápido. Tem o laser, tem o Mecanomodulador. São ferramentas que agilizam o processo de retorno no mesmo nível antes da lesão, que é o objetivo de todo atleta.”

E tem como prevenir estas lesões?

Malhar por malhar, fazer o mesmo treino que outras pessoas que não são atletas, por exemplo, não é o recomendado, para quem pode ser considerado um atleta.

“O treino tem que ser com periodização, conforme rotina e necessidade de cada atleta, tem que tirar dia para mobilidade articular e liberação muscular para evoluir. Ter dia de recuperação, que pode ser com uma terapia manual ou com equipamentos ou autoliberacão. Tem que tirar um dia para mobilidade articular. Sem mobilidade ele estabiliza. Excesso de hipertrofia em esportes de velocidade e explosão podem atrapalhar o atleta. O dia de recuperação, manual ou com equipamentos precisa ser respeitado e feito sempre após jogos de alto nível de exigência física”, explica.

“E tem aquelas técnicas que já conhecemos para o pós jogo, como as banheiras, ou tonéis de gelo, que não é difícil de realizar, nem no amador.”
Giane ainda aconselha os times que têm boa estrutura a ter profissionais de fisioterapia em suas equipes.

“Especialmente pro atendimento rápido, para o atendimento imediato quando alguma lesão acontece e, claro, para o pré-jogo, para o aquecimento e os movimentos coordenados com o preparador físico. Até uma câimbra mal cuidada quando acontece pode gerar uma lesão muito mais grave”, finaliza.

Fabrício Espindola

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