A frase “não é só futebol” é muito usada na internet, para explicar emoção, ações que fazem de torcedores comuns no dia a dia do Brasil, se destacarem por feitos espetaculares, por atitudes de atletas ou personagens de um espetáculo deste esporte e que ganham relevância, que viralizam e até se tornam reportagens especiais na TV.
Mas o futebol amador? É só futebol? Quantas vezes você já viu alguém indignado porque time A gasta tanto, time B outro tanto, para no final da competição levar apenas um troféu e medalhas para casa. Quem indaga desta forma não vive o amor de verdade. Claro que premiações mais robustas, até em dinheiro, seriam melhores, ajudariam os clubes nas suas despesas. Mas, não é só este o ponto. O objetivo. Não é só futebol.
Muito dinheiro?
Vamos começar por aí. Pelos valores que os atletas cobram para jogar uma partida de futebol amador. É demais? Mas se ele pede e o clube aceita pagar, o que um terceiro tem a reclamar? E esse dinheiro que esse jogador amador, que trabalha a semana inteira sei lá onde, para onde vai?
Já ouvi muito, inclusive no último domingo em Sombrio, após um jogo, o jogador brincar com sua carona: “pera aí que vou ali buscar o leitinho das crianças.” E será que não é mesmo, as vezes? Qual tamanho do alívio nas contas da casa, uma partida de fim de semana pode render a um atleta? Quem se todos tivéssemos condições de ir ao campo, jogar, se divertir e não precisar receber nada, né? Talvez até pagar algo e ajudar a fazer uniforme, a estrutura do clube.
Mas e as marcas, como ficariam? Você empresário, que patrocina um time, que aparece numa foto de jornal, de site, de Instagram, numa transmissão, no dia seguinte, onde iria expor sua marca? Imagina você não poder patrocinar nenhum time, por eles não precisarem de dinheiro. Não expor sua marca na camisa para um estádio com mais de mil pessoas, como na abertura do Municipal de Sombrio (falo mais desta competição pois é da cidade que sou). Não expor sua marca para as mais de quatro mil pessoas que assistiram as transmissões dos jogos no domingo pelo nosso canal, nas três divisões. O futebol é ou não é um grande espaço para divulgar e fortalecer sua marca?
Fonte de renda extra
Nos últimos dias, observei um pouco mais os trabalhos ao redor de uma competição de futebol amador. Acabou o tempo do jogador ser só de fim de semana, de vestir a camisa, entrar em campo e deu. Até pelo valor que pedem e recebem, os atletas amadores estão cada vez mais profissionais.
Na noite da última terça-feira, por exemplo. Ao dar uma corrida no estádio Antônio Sant’Helena, pude observar o treino de quatro goleiros, dois deles da terceira divisão de Sombrio, com o professor Diego. Eles contratam o serviço de um professor dedicado, que conhece da profissão, que estuda seus treinos e que está ali numa espécie de hora extra, pois já cumpre 40 horas aulas durante o dia. É uma forma de renda extra. Mais uma, oriunda do futebol amador, afinal o profissional não tem espaço para todos e tem muita gente boa e talentosa por aí, para todos os setores.
A fotografia então, o que dizer? Em 2021 vi fotógrafos indo aos jogos, tirando fotos individuais e coletivas e depois as vendendo pelo whatsapp mesmo, na facilidade do pix. Baratinho, mas é mais uma fonte de renda e que nos permite ter registros jogando, o que era mais difícil há pouco tempo.
“Com a pandemia tive que parar com os eventos e quando começaram a voltar, o meu noivo, Davi, me deu a ideia de ir aos jogos e bater umas fotos para treinar. A partir desta brincadeira, nos jogos do Independente, eles gostaram e pediram para fazer as fotos deles no campeonato regional da Lavm e o Guarani me chamou para fazer na Larm. Depois comecei a fazer as dos 6Caneco e foi assim que comecei. A gente trabalha com pacotes para os times e fotos individuais para os atletas que quiserem. E se eu gosto? Confesso que peguei gosto e para quem não curtia futebol, são as fotos que mais gosto de fazer”, disse a fotógrafa Jhenifer Naiara com exclusividade ao canal, autora das imagens que ilustram essa matéria, como esta abaixo, de Felipe, de volta à beira do gramado e homenageando em sua camisa dois jogadores que morreram muito jovens.
E tem mais…
As transmissões de futebol também têm crescido. Nós, do Canal do Fabrício e da AVM Live, estamos programados para fazer 155 transmissões no ano, desde o início das competições, em Março, até início de Dezembro.
Hoje estamos atingindo mais de duas mil visualizações por jogo, especialmente da Copa Sul, competição que já fizemos nove jogos e ainda temos duas finais para transmitir. No meio de semana, a noite, estamos contando, registrando e deixando gravadas para sempre, histórias de quem faz o esporte amador, no nosso podcast, além de iniciarmos o regional de futsal da Lavm. O Municipal de Sombrio começou com imensa audiência na transmissão das três divisões.
E seguiremos assim. Todos querem ver, querem se ver depois jogar e querem mostrar suas marcas para públicos engajados, que realmente assistem, comentam, compartilham por procurar aquilo que está ali, por gostar. E valorizam demais as empresas que estão juntos.
Definitivamente, não é só futebol. Não é só 22 marmanjos correndo atrás de uma bola. É muito mais do que isso. Mas muito mais mesmo. Se você ainda não está dentro, comece a participar e vai entender melhor porque o futebol gera tanto amor.
Ah, para finalizar, uma ajuda do dicionário:
Amador
adjetivo substantivo masculino
- que ou o que ama; que ou o que tem amor a alguma pessoa; amante.
- que ou aquele que gosta muito de alguma coisa; amante, apreciador, entusiasta.